quarta-feira, 3 de junho de 2009

' Eu também

Ela disse "eu te amo" sussurrado no ouvido dele. E ele, olhando no fundo dos olhos dela, respondeu “idem”. Não que “idem” fosse uma grande prova de amor, mas na cabeça dela era a certeza de que o amor dele era tão grande quanto o seu. Ele não era lindo, nem muito inteligente, mas era o que ela idealizava há muito tempo.
Os dias foram passando, o sentimento aumentando, as coisas sendo descobertas a dois. E ela dizia quase todos os dias que o amava e ele respondia sem parcimônia idem. Era um “eu te amo” de cá, um “idem” de lá, e assim as coisas iam se encaixando. Ela sentia que essas quatro letrinhas carregavam nas costas o amor que ele sentia por ela e ele não tinha coragem de pronunciar.
Mas teve um dia, não tão perfeito e mais assustador, capaz de destruir todo amor que existia no coração dela. Ele quase rompeu suas entranhas com uma única palavra.
Ela disse olhando no fundo dos olhos dele, com uma colher de brigadeiro na mão e um pouco do doce no canto da boca, que o amava mais que tudo na vida. E ele, ao invés de responder com o tão habitual “idem”, disse “eu também”.
Ela perdeu o chão. Era como se a mudança de uma palavra significasse também a incerteza do sentimento. Ela conhecia muito bem o quanto de amor cabia dentro do “idem” que ele pronunciava, mas desconhecia o tanto de amor que se escondia nas letras do “eu também”. Ela sentiu medo. E, pela primeira vez, como se estivesse começando um novo relacionamento, estava insegura.
A colher de brigadeiro caiu no sofá enquanto ela tentava controlar dentro de si uma avalanche de sentimentos descordenados. Foi então que ele percebeu que os olhos delam estavam marejados e sem entender direito o porquê, até por que os homens nunca entendem nada, abraçou aquele ser na sua frente e disse que ela era a coisa mais importante da vida dele.
Como uma criança perdida a procura de abrigo, ela caiu em desespero e lhe deu um beijo nos lábios. Depois sorriu e disse “pra mim também”. Agora ela sabia o quanto o “idem” era insignificante perto de um “também”.

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